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07/03/2018

Plano Diretor da Segurança Condominial

Plano Diretor da Segurança Condominial

Dirigir em uma estrada, envolvido em densa neblina, o faz seguir ou parar e esperar?

 

Ao conduzir um empreendimento com diversas vidas; cada qual com diferentes expectativas, interesses, visões e valores. Atendidas por sua vez por diversas outras pessoas que lhe prestam serviços e impactam no clima da organização.  Este cenário está montado em ambiente de luzes e também de névoas, cuja densidade alterna-se com frequência e diretamente proporcionais às incertezas, ameaças, oportunidades, tolerâncias, pressões dos prazos, disponibilidade de recursos limitados e uma gama de expectativas daqueles que aguardam suas manobras nesta estrada.

 

Função das dimensões e grau de complexidade do empreendimento, diversos outros condutores também estarão tomando decisões sob sua orientação, em uma viagem sem fim. Devendo considerar que é inaceitável considerar a premissa estabelecida por Lewis Carol no livro Alice no país das Maravilhas: “Qualquer caminho serve, se você não sabe para onde ir”.

 

Não a toa que a nave na série de TV e Cinema “Star Trek” – Jornada nas Estrelas – é chamada de “Enterprise”, traduzida por empreendimento ou empresa; onde a tripulação e o mais variado público são conduzidos para uma viagem sem fim. Diante de todas as adversidades cada componente cumpre seu papel no teatro das operações. Contudo, na vida real o comandante suas equipes tem seus scripts escritos ao mesmo tempo em que ocorre a apresentação. Para receber o grande prêmio (Oscar) diariamente se faz necessário que todos estejam engajados em um mesmo roteiro, que passamos a chamar de “Plano”.

 

Parafraseando Helmuth Von Moltke, comandante do exército prussiano e seu compatriota analista militar,  Carl Von Clausewitz, por volta de 1830-: “Nenhum planejamento resiste ao primeiro tiro ou contato com o inimigo”; complemento com “Sem que seja alterado e readequado segundo uma diretriz”, afinal vivemos em permanente metamorfose.

 

Analistas atuais, como Martin Van Creveld em “Command in War” destacam o dilema na obtenção de efetividade na condução de um navio onde, mesmo sendo obvio que todos devem “remar” para um mesmo lado, mas diante dos citados componentes da névoa, a direção deve ser centralizada ou descentralizada? Afinal, a centralização traz certeza ao alto escalão e fragilidades de decisão nos níveis inferiores. Ao contrário, ao descentralizar há insegurança no topo, porém força e certeza na base. A trama que permite a obtenção da capacidade de decisão uniforme apresar de dispersa na rede de conexões de comando é o conhecimento, adesão e comprometimento ao planejamento dos que estão na direção, ou seja, ao Plano Diretor.

 

Cabe então conhecermos a estrutura comum para um Plano Diretor de Segurança aplicado a um Condomínio, seja este de qualquer natureza, residencial, comercial, empresarial, industrial horizontal, vertical, estabelecido em área conturbada, litoral, isolada, operando de ininterrupta até por temporadas, simples como residencial de uma torre às mais complexas formas. A alteração corresponderá na amplitude das pastas envolvidas e profundidade dos detalhamentos requeridos pela Alta Administração, que poderá ser formada apenas por um sindico ou uma estrutura composta por presidência e conselheiros.

 

A segurança condominial deverá atender, sob o ângulo empresarial do condomínio, a valorização do investimento dos proprietários, associados ou acionistas; a imagem no mercado certamente é um dos principais valores a serem preservados e elevados. Enquanto empreendimento o objetivo é oferecer garantias de continuidade aos fatores críticos de sucesso, sendo estes representados por condicionantes de disponibilidade, qualidade e confiança nos recursos e condições ambientais.

 

O Plano Diretor compreende a consolidação das ferramentas e pastas: fundamentos, normativas, métricas, econômicas e financeiras, que resultam em diretrizes para a evolução harmônica da gestão, em nosso caso da Segurança Condominial. Por tratar-se de um processo no qual a melhoria deverá ocorrer de forma sustentável e contínua ao longo do tempo, propomos o ciclo de vida proposto por Shewhart e William Edward Deming, conhecido por Ciclo PDCA, sigla ou acrônimo das palavras em inglês representadas por: Planejar (Plan); Desenvolver (Do); Criticar (Control) e Atualizar (Act).

 

Vale ressaltar que a letra C (C= Control) como controle corresponde à análise dos dados coletados na fase de produção (D = Do). Deming compreendia ser o estudo (study) a melhor denominação da etapa de Controle, ocasião que tomo a liberdade de denominar e traduzir com a palavra Crítica, por representar a fase de análise crítica e que entrega propostas de ajustes à alta administração, que por sua vez deliberará sobre adequações (A = Act) de novas diretrizes e metas; reiniciando o ciclo na atualização dos documentos e do novo estágio do planejamento (P).

 

PLANO DIRETOR DE SEGURANÇA CONDOMINIAL

 

PASTAS SUBPASTAS
Fundamentos Premissas & Restrições. Análise Crítica dos Registros de Auditorias. Projetos. Memorial Descritivo. Histórico dos Processos Licitatórios (RFP – Requisitos Fornecimento Propostas). Homologações & Certificações. Plano de Continuidade.
Administrativa Inventário dos Recursos pertencentes ao Sistema Integrado de Segurança – S.I.S.; Registros de Atas das Reuniões, desde assembleias às realizadas no âmbito interno da administração; Contratos; Dados e registros gráficos do desenvolvimento dos processos. Registro de Lições Aprendidas. Plano de Chamadas. Matriz de Responsabilidades. Apólices de Seguros.
Normativas Estatutos e/ou Convenções. Regimentos Internos. Política de Segurança. Segurança da Informação. Códigos de Ética e Posturas. Procedimentos. Planos de Contingências – De pequenas crises às emergências. Plano Anual de Treinamento, Capacitação e Condicionamento. Plano de Manutenção e Reparos.
Métricas Monitoramento dos indicadores de desempenho (SLA – Service Level Agreement e SLM Service Level Management) relevantes para garantia de continuidade dos Fatores Críticos de Sucesso.
Econômicas e Financeiras Monitoramento da realização do Plano de Investimentos (Budget); Monitoramento do ROI – Retorno sobre o Investimento; Monitoramento das Planilhas de Custo próprias e de terceiros.

 

Disputas automobilísticas nos grandes prêmios nos ensinam que avanços mais rápidos e mais seguros, sejam os realizados em condições normais, chuvas e neblinas, são obtidos por condutores que possuem os melhores freios instalados em seus veículos “Enterprises”.  O gestor da segurança condominial deve oferecer, portanto, a confiança necessária a todos os interessados (stakeholders) e aos envolvidos diretamente no Sistema Integrado de Segurança a capacidade de decidir em regime de rotina ou frente a forte neblina.

 

A última recomendação aos que dirigem em condições de neblina refere-se a: “trafegar com luz baixa”. No contexto do Plano Diretor diz respeito às luzes da ribalta, ou seja, é preciso compreender que este trabalho é desenvolvido por várias mãos. Desejar os holofotes apenas para um único ator levará o resultado certamente a um desastre.

 

Boa viagem!

 

André de Pauli

MSN - Managers Security Network

andredepauli@msn.com


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